O versículo de 1 Crônicas 16:20, "e vagueavam de nação em nação, de um reino a outro", nos apresenta uma imagem poderosa, e talvez desconfortável, de peregrinação. Não é a peregrinação idealizada, com destino certo e caminho traçado. É a peregrinação da incerteza, da constante mudança, da busca por algo que ainda não se delineia completamente. A imagem evoca a jornada humana em sua essência: uma sucessão de encontros e desertos.
Encontros, que podem ser lugares, pessoas, oportunidades, experiências – cada um moldando nossa trajetória, acrescentando ou subtraindo algo de quem somos. Alguns encontros nos nutrem, nos fortalecem, nos impulsionam adiante. Outros nos desafiam, nos quebram, nos deixam perdidos e desorientados no deserto. E é justamente nos desertos que a nossa capacidade de resiliência é testada.
A vida, representada por essa incessante travessia de nações e reinos, não nos garante um mapa. Não oferece garantias de sucesso ou felicidade contínua. A jornada é o próprio processo, a dança entre a esperança e a frustração, o crescimento que emerge da superação de obstáculos, a sabedoria que brota da experiência. O versículo nos lembra que vagar não é necessariamente um sinal de fracasso, mas um reflexo da própria jornada da vida, com seus altos e baixos, seus momentos de abundância e escassez, de clareza e confusão.
A beleza dessa “vagação” reside na possibilidade constante de transformação. Em cada nova nação, em cada novo reino, há a chance de um novo aprendizado, uma nova perspectiva, uma nova oportunidade para descobrirmos quem somos e para onde caminhamos. Não importa o quão longo ou árduo seja o percurso, a jornada em si é um ato de fé, uma afirmação da capacidade humana de perseverar, de buscar, de aprender e de crescer mesmo em meio à incerteza. A verdadeira peregrinação não está no destino final, mas no processo contínuo de crescimento que acontece a cada passo, a cada encontro, a cada deserto superado.