O livro de Ester não se limita a uma narrativa de intriga palaciana. É uma história sobre a tomada de decisões em momentos cruciais, sobre a coragem de agir quando a inércia significa a condenação de um povo inteiro. O versículo "Também mataram Parsandata, Dalfom, Aspata" (Ester 9:7), frequentemente passado despercebido em meio à magnitude do massacre de Hamã e seus comparsas, nos apresenta uma faceta essencial dessa narrativa: a ação decisiva, a disposição de confrontar o mal, mesmo quando isso implica em derramamento de sangue.
Parsandata, Dalfom e Aspata não são personagens com histórias detalhadas. São nomes mencionados quase em tom de registro, representando, contudo, o peso da ação que se impôs sobre eles, e que se impôs sobre todos aqueles que se levantaram contra o povo de Deus. Eles não eram meros peões em um jogo de poder. Eram responsáveis, cúmplices em um plano de genocídio. Sua eliminação, embora violenta, representa a inevitável consequência de se optar pela opressão e pela injustiça.
A reflexão que este versículo nos impõe não é sobre a legitimidade da violência em si, mas sobre a urgência da ação contra o mal. Muitas vezes, a passividade diante da injustiça é tão condenável quanto a participação ativa na mesma. A omissão, a falta de coragem para se posicionar, muitas vezes contribui para a perpetuação do sofrimento. Parsandata, Dalfom e Aspata representam a consequência da escolha pela indiferença ou pela aliança com o opressor.
O livro de Ester nos chama para uma ação consciente, justa e, se necessário, corajosa. É um chamado à vigilância contra os preconceitos, contra a discriminação e contra todo tipo de opressão. Não se trata apenas de identificar o mal, mas de enfrentá-lo com determinação, mesmo que isso implique em sacrifícios e riscos. A história de Ester nos lembra que a inação pode ser tão fatal quanto a ação maligna, e que a coragem de enfrentar a escuridão é essencial para a construção de um mundo mais justo e pacífico.